Leandro Giudici
E não bastassem
as declarações de figuras importantes da política nacional em defesa de Lula -
citado pelo gestor do Mensalão, Marcos Valério, como beneficado do esquema - sete
governadores fizeram um ato de desagravo à possibilidade de o ex-presidente ser
investigado pelo Superior Tribunal Federal que nesta semana declarou encerrado
o maior julgamento da história do país.
O grande absurdo
alegado pelos governadores é que a 'figura' sacrossanta do ex-presidente não
pode ser maculada sob nenhuma hipótese com uma única argumentação: a de que o
passado 'guerreiro' e o o 'bom governo' que o mesmo teria feito a frente da
presidência seriam suficiente para que a legislação o eleve a um patamar que o
diferencie dos reles mortais brasileiros. Justo ele, o presidente que diz ter a
cara do povo.
Em miúdos: Caso
você se torne pessoa popular, tenha uma história de superação, de ascendência
social, e seja considerado ‘o cara’ – como disse burramente o Obama -, você tem
privilégios sobre as leis. Ser investigado torna-se então uma falácia, um
atentado ao país, uma heresia sem precedentes. Esse populismo exagerado que
quer manter seu mártir intocável no intento de coagir a mídia e pressionar as
autoridades é absurdo.
Os querubins que
cercam a arca, que bradam em favor de Lula, são aliás reservas morais como José
Sarney, que muito leal retribuiu o favor de ter sido defendido nas acusações
dos atos secretos do Senado. Outro deles foi Collor - vejam só! – que em
solidariedade devolveu o afago recebido em 2010 na campanha para governador de
Alagoas. Mas nenhum superou o presidente da Câmara, Marco Maia, que de tão
exasperado com mediante acinte cogita 'descumprir' a sentença do STF sobre a
perda dos mandatos de João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar
Costa Neto (PR-SP), e até dar ‘asilo’ a eles no prédio da Câmara onde a polícia
comum não poderia prendê-los.
Rui Falcão,
presidente do PT têm desqualificado as acusações de Marcos Valério contra Lula
pelo fato de ter sido condenado pela justiça a 3o anos de prisão (a maior de
todas). Seu discurso é tão raso e estúpido que ele nem percebe a gigantesca
contradição. Seus amigos José Dirceu e João Paulo Cunha também condenados não
só permanecem no partido, como possuem voz ativa, articulam estratégias e foram
oficialmente defendidos através de uma carta da sigla partindo em sua defesa.
Até uma ‘vaquinha’ para o pagamento de suas multas condenatórias Falcão sugeriu.
É cristalino ver
que a ameaça de investigação desnuda o rei, coloca em risco uma estratégia e
pode provocar um desabamento sob a cabeça de seus mártires. Por isso eles
providenciam um arrimo urgente. Foi o que fizeram os governadores. Falcão tem
conclamado a militância para que repudiem tal 'calúnia' contra o ex-presidente.
Não pede que o defendam de uma 'acusação', mas de uma possível 'investigação'. Isso
mesmo. Aplicar a lei é quase um crime.