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sábado, 22 de dezembro de 2012

O rei está nú


Leandro Giudici


E não bastassem as declarações de figuras importantes da política nacional em defesa de Lula - citado pelo gestor do Mensalão, Marcos Valério, como beneficado do esquema - sete governadores fizeram um ato de desagravo à possibilidade de o ex-presidente ser investigado pelo Superior Tribunal Federal que nesta semana declarou encerrado o maior julgamento da história do país.

O grande absurdo alegado pelos governadores é que a 'figura' sacrossanta do ex-presidente não pode ser maculada sob nenhuma hipótese com uma única argumentação: a de que o passado 'guerreiro' e o o 'bom governo' que o mesmo teria feito a frente da presidência seriam suficiente para que a legislação o eleve a um patamar que o diferencie dos reles mortais brasileiros. Justo ele, o presidente que diz ter a cara do povo.

Em miúdos: Caso você se torne pessoa popular, tenha uma história de superação, de ascendência social, e seja considerado ‘o cara’ – como disse burramente o Obama -, você tem privilégios sobre as leis. Ser investigado torna-se então uma falácia, um atentado ao país, uma heresia sem precedentes. Esse populismo exagerado que quer manter seu mártir intocável no intento de coagir a mídia e pressionar as autoridades é absurdo.

Os querubins que cercam a arca, que bradam em favor de Lula, são aliás reservas morais como José Sarney, que muito leal retribuiu o favor de ter sido defendido nas acusações dos atos secretos do Senado. Outro deles foi Collor - vejam só! – que em solidariedade devolveu o afago recebido em 2010 na campanha para governador de Alagoas. Mas nenhum superou o presidente da Câmara, Marco Maia, que de tão exasperado com mediante acinte cogita 'descumprir' a sentença do STF sobre a perda dos mandatos de João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), e até dar ‘asilo’ a eles no prédio da Câmara onde a polícia comum não poderia prendê-los.

Rui Falcão, presidente do PT têm desqualificado as acusações de Marcos Valério contra Lula pelo fato de ter sido condenado pela justiça a 3o anos de prisão (a maior de todas). Seu discurso é tão raso e estúpido que ele nem percebe a gigantesca contradição. Seus amigos José Dirceu e João Paulo Cunha também condenados não só permanecem no partido, como possuem voz ativa, articulam estratégias e foram oficialmente defendidos através de uma carta da sigla partindo em sua defesa. Até uma ‘vaquinha’ para o pagamento de suas multas condenatórias Falcão sugeriu.

É cristalino ver que a ameaça de investigação desnuda o rei, coloca em risco uma estratégia e pode provocar um desabamento sob a cabeça de seus mártires. Por isso eles providenciam um arrimo urgente. Foi o que fizeram os governadores. Falcão tem conclamado a militância para que repudiem tal 'calúnia' contra o ex-presidente. Não pede que o defendam de uma 'acusação', mas de uma possível 'investigação'. Isso mesmo. Aplicar a lei é quase um crime.

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